Doutor Jivago
Dizia Iuri Jivago que "o homem nasceu para viver, não para se preparar para a vida"... Dr. Jivago era um poeta. E a sua estória é ponto de partida para se abordarem sentimentos pessoais de indivíduos comuns que amam e sofrem em qualquer época, turbulenta ou tranquila. Sentimentos que nos lembram que qualquer zona do mundo é formada por pessoas assim. Jivago, um humanista e intelectual , homem das artes e da medicina como Tchekhov, divide toda a sua vida em amores distintos. Amores não relevantes neste contexto se não para demonstrar as vicissitudes da estória, cujo labirinto de encontros e desencontros vai sendo reconstruído pouco a pouco e mostrando que a História Universal é como uma força moldada pelo homem que, por sua vez, é capaz de moldar a vida de cada indivíduo.
E há alguns anos atrás fechei um livro de um qualquer autor de nome Boris Pasternak, e sonhei...
Sonhei que havia carros silenciosos, que não havia idades, nem religiões, nem sexos, com todos os assexuados dedicados apenas e só às paixões da alma e que toda a gente sorria... Todo o ser sorria ao vislumbrar um outro e olhava-o com olhos de ver.
Saramago diz que é preciso Ver, não simplesmente olhar.
Mas somos poucos os que
Vemos. Porque antes dos protocolos, das burocracias e da inteligência, são pessoas os seres com quem (não) lidamos diariamente. E não basta olhar o outro...é preciso
Ver. É urgente abandonar a falsa ingenuidade que nos leva a pensar que temos que nos preparar para a vida. Porque viVer é olhar com olhos de Ver.
J.A.V.