Paciência de Pescador
É talvez uma analogia mal amanhada e ilógica mas passei uma hora sentada com os pescadores lisbonenses, à beira do nosso Tejo plantados, e não aguentei muito mais a quietude das suas respirações. Se os chineses são pacientes, então aqueles pescadores eram, lá bem no fundo, chineses puros. Por um tempo a minha respiração foi também a deles mas logo voltou à realidade e se fez sua novamente. Os pescadores, esses, lá ficaram; com um peixe a saltitar num balde e muitos outros à espera dos seus. Simplesmente, à espera. Envoltos no silêncio de quem pesca com paciência e de quem, com virtude, vai fazendo por si. Com passos e ondas e um bater constante e igual que é colhido pela pedra, faça chuva ou faça sol. J.A.V.