Uma fotografia bonita e um humanismo a referir
"Não foi o melhor músico de sempre nem a melhor pessoa do mundo mas foi o homem mais honesto que existiu."
Talvez. Ou talvez tenha sido único e esse tenha sido o seu segredo publicamente compartilhado. Jonnhy Cash morreu há alguns meses e viveu muitos anos na certeza de fazer o que era suposto; cantou e amou como ninguém e deixou para trás uma legião de fãs e de futuros fãs que o tornaram mítico. A sua música inspirou nomes como Bob Dylan e Keith Richards a tornarem-se, também eles, músicos, e viveu-a com o único objectivo de ser feliz com a sua June. A beleza do que os uniu foi testemunhada por muitos, todos os que os foram rodeando em vida e que hoje lhes prestam tributos fenomenais de deixar qualquer um fascinado com as suas existências. As palavras que lhes são dedicadas e as marcas que deixam para trás, não em discos ou em revistas mas em pessoas, é o indício talvez mais explícito de que Jonnhy e June Carter Cash foram, indubitavelmente, duas das personalidades mais marcantes do século XX, não por grandes feitos ou legados mas pela frescura e leveza com que conduziram as suas vidas até ao fim. Relembro o pouco que sei quando canto as suas músicas e, em breve, qualquer um saberá ao certo quem foi Jonnhy Cash e quem foi a mulher que o influenciou a tornar-se quem foi. Nos desempenhos formidáveis de Joaquin Phoenix--um dos melhores do ramo, na actualidade-- e de Reese Witherspoon, que também eles tiveram o privilégio de conhecerem pessoalmente o casal,
Walk the Line trará para as nossas vidas uma lufada de ar fresco com dramatismo à mistura, numa réplica fenomenal do que foram as vidas de Jonnhy e June; porque "aquele que conhece a arte de viver consigo próprio ignora o aborrecimento" e Jonnhy soube ensinar-nos como ninguém essa lição.
J.A.V.